quarta-feira, 3 de junho de 2009

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A JOALHARIA DE ARTE PÓS-MODERNA

A função da arte
Sábio filósofo grego, Aristóteles já dizia há dois mil anos que a arte é a ideia da obra, a ideia que existe sem a matéria. O executar, produzir e realizar é ao mesmo tempo o inventar, figurar e descobrir uma concepção dinâmica de poesia artística. Arte estimulante é essencial na vida de todo ser perspicaz, despertando o supra-sensível no homem. Ao expor em contexto sistemático seu conhecimento e filosofia, o artista retrata a visão de seu tempo e coloca a alma na obra, para atribuir-lhe um sentido. A criação artesanal é, na sua essência, a expressão emocional de um grupo, já a criação artística é a expressão racional de um indivíduo.

A função da jóia-arte
Joalharia contemporânea provém da arte e do ofício tradicional, das formas simbólicas do design abstracto e/ou geométrico e das variantes conceituais avant-garde, que testam os próprios limites da joalharia. Dessa forma, jóias de arte são peças inventivas, compostas a partir de ideias específicas, enaltecendo características únicas. Hoje, para criar a jóia-arte, são necessários símbolos engenhosos com os quais se possa ter um envolvimento mais efectivo. Joalharia artística, assim como escultura e pintura, revelam com clareza o estilo de quem a concebe e a usa.

Os diferentes processos na fabricação de jóias

Joalharia de autor é composta por peças feitas à mão pelo próprio mentor, mas nem sempre oriunda de projectos. Muitas vezes, essas jóias são determinadas por ensaios ou fatalidades que venham ocorrer durante a execução. Na joalharia industrial, o designer, usando a computação ou assistindo o modelador, produz protótipos para a seriação das peças, acabadas à mão. Nesses modelos, o escultural é destituído do seu aspecto tridimensional oneroso, comprometendo a força de expressão do autor e, portanto, sua originalidade. E na joalharia de arte, o artista em geral supervisiona a elaboração manual de cada projecto inovador, feito por um artesão de sua escolha que, se for preciso, crie suas próprias ferramentas para a realização das peças.

A contribuição da jóia artística para a joalharia

A busca do novo pelo novo, a arte para a média, não permite a experiência se acumular ou se aprofundar em significação artística. A tradicional arte da joalharia está longe de ser ditada por moda efémera, como se quer fazer crer. Ao contrário, de acordo com pesquisas recentes, as cores das gemas oscilam apenas entre tons fortes ou pastéis. Invenções inusitadas são imprescindíveis para o desenvolvimento tecnológico da indústria e para melhor orientar artífices em seus ofícios. Alavancando as vendas da indústria e agregando valor sem igual às exportações, a criação artística é uma ferramenta ímpar. Arte também edifica: a Tate Gallery moderna foi construída com o lucro do governo inglês da exposição solo do artista Damien Hirst, em Nova Iorque.

As classes distintas de joalharia

Arte regional é excludente... Todos compreendem uma peça do Feodor Dostoievsky, mas muito poucos entendem uma do Mauro Rasi sobre suas tias de Bauru. Ferreira Gullar em seu livro Argumentação contra a morte da arte nos esclarece: “A capacidade criadora do artista consiste em transcender o que é particular, regional, e erigi-lo em expressão universal. Quando o consegue, a obra se torna, por seu conteúdo, universal e, por sua forma, nacional. A obra de arte, antes de ser nacional, tem que ser obra de arte”.

Em Portugal, o designer de jóias conceituais abre caminhos para o sector, mas é ainda visto como designer de jóias artesanais ou industriais, por falta de uma classe distinta de joalharia de arte. Portanto, cabe à classe consciencializar-se da importância de se organizar e conquistar seu próprio espaço e o Mundo.